OVNIs: por que relutam em uma possível origem extraterrestre?

Um exemplar em miniatura do suposto OVNI de Roswell.
Miniatura da suposta nave alienígena que teria caído em Roswell - Museu de Roswell (EUA).

Já estão por aí há muito tempo; alguns dizem que desde sempre. Do Projeto Sign ao Blue Book, passando pelo Relatório Cometa, não cogitar a possibilidade de uma origem extraterrestre ou até mais exótica é tão patético quanto endeusar aqueles que podem estar por trás de alguns desses objetos.

Quais implicações teriam, em que impactaria aceitar uma origem extraterrestre para alguns OVNIs? Falta de dados, esse é o real motivo de nem ao menos aceitarem a cogitação de uma origem anômala? Ou impactos psicossociais abrangentes seriam a resposta correta?

Atualmente, o universo observável consta em bilhões de anos-luz de extensão e também bilhões de anos de idade. Se cada vez mais, com a insurgência de novos telescópios mais precisos e avançados, nos mostram vislumbres de outros mundos, alguns deles quase idênticos ao nosso morfologicamente falando, ignorar que em algum canto desse imenso cosmos alguma forma de vida, característica à nossa ou não, possa ter se desenvolvido e passado a explorar, assim como fazemos, não é nem um pouco razoavelmente esperto.

Mas se a plausibilidade especulativa racional nos garante esse ônus, por que então não nos possibilitamos aceitar essa que pode ser uma possibilidade real?

Acionar o gatilho em meio a uma multidão não é o mesmo que acionar entre quatro paredes na solidão da sua noite; ainda assim, se necessário, por que não o faríamos?

A respeito da psicologia coletiva, é importante cautelarmos quando o passo que se dá pode ser magnificamente impactante; isso é verdade, temos que reconhecer. No entanto, se do que estamos falando é da especulação racional, por que não deveríamos dar?

Talvez estejamos mais do que prontos, se sempre ao longo da nossa existência enquanto espécie fomos confrontados com fortes abalos sociais. Supor que não suportaríamos mais um é meio que exaltar a fragilidade, ao invés da coragem.

O fenômeno OVNI manifesta-se das mais variadas maneiras; ele é intenso, complexo, assustador. E também, por que não, belo? Essa manifestação não pode ser explicada, em algumas das vezes, de forma convencional. Uma explicação convencional, em sua totalidade, não se aplica. Mas se errar é humano, e permanecer no erro é burrice, por que alguns insistem em permanecer naquela velha narrativa do improvável? Improvável não deveria significar impossível, e possível não deveria significar fato.

Parece que o temor é mais uma birra do que de fato um medo. O diálogo que mantemos no nosso cotidiano com gente como a gente, às vezes, se restringe ao convencional de maneira abstrata, mas que inconscientemente se concretiza.

Não estamos falando aqui de agências, ONGs, empresas, organizações e governos; estes sabemos que possuem uma política restritiva de informação. A eles também poderia se aplicar esse monólogo terceirizado.

Não é o ceticismo, apesar do vulgar uso da palavra. O termo não se aplica a este raciocínio. Não se trata de estudo e análise; o exercício mental aqui, como eu já disse, é puramente especulativo. Mas ainda assim, eles se opõem a isso. Todos esses órgãos são comandados por pessoas; pessoas essas que possuem seus interesses, e que talvez se resumam a financeiros. Gosto de acreditar que é mais por isso do que por qualquer outro motivo que eles não se abram à visão.

De qualquer forma, o pensamento coletivo continua respaldado em implicações teimosas. E esses que individualmente fazem o papel de durões do posicionamento racional, poderiam se questionar o quão racional estão sendo, afinal, racionalidade está ligada a lógica, coisa que não demonstram quando se suprimem da razoabilidade possibilitativa.

Confesso que é perigoso afirmar os caminhos que nos levam; essa prática é tão sombria quanto estúpida.

Não acredito que um exercício como este venha a deflagrar o martelo jurídico; não confundamos uma explanação com um culto. O jeito que conduzimos nossa visão de mundo reflete implicitamente e explicitamente na maneira que ele caminha. Se as entidades que possam estar por detrás de parte do fenômeno existirem de fato, devem se perguntar o que se passa pelo cérebro do mundo.

Não são inteligentes, ou pelo menos não tão inteligentes quanto se imaginam, aqueles que não se abriram, como sucintamente foi citado por mim no início do texto, às possibilidades de fato racionais das possíveis origens de inteligências não-humanas que poderiam estar a vagar pelos nossos céus em equipamentos tecnológicos voadores. Inteligência não é um poço escuro que só se pode andar com um feixe de luz; inteligência é a luz que ilumina independente do andar e de onde se anda. Mas tomemos cuidado; sabemos que a luz demasiada também cega.


- Júlio Tavares 

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